INFLAMAÇÃO, RESISTÊNCIA A INSULINA E OBESIDADE
Foi descoberto que o tecido adiposo era capaz de produzir TNF-α, uma citocina inflamatória que prejudica a via de sinalização de insulina. Posteriormente, outras citocinas inflamatórias sub-jacentes ao TNF-α provocariam a resistência à insulina induzida por obesidade.
A origem dessas citocinas inflamatórias na obesidade procede da migração de macrófagos para os adipócitos; em paralelo, ácidos graxos adquiridos da dieta, principalmente os de origem animal, são capazes de estimular proteínas de membrana celulares chamadas TLR-4, um dos tipos de toll like receptors que funciona como mediador da via inflamatória com negativas conseqüências para ações da insulina em tecidos metabólicos.
Os receptores da família TLR (toll like receptors) são importantes, pois desempenham uma conexão entre o sistema imune inato e sistema metabólico.Evolutivamente preservados, esses receptores sensíveis a patógenos desempenham importante atividade pró-inflamatória, como esperado.
Contudo, esses mesmos receptores, principalmente os TLR-4, são sensíveis também a nutrientes, como os ácidos graxos. A ingestão elevada de gordura na dieta pode ativar esses receptores, o estimulando também, mesmo na ausência de patógenos, uma resposta inflamatória capaz de interferir nos sinais mediados pelos hormônios controladores da fome e gasto energético, resultando em obesidade.
Tal interpretação e analogia pode ser comprovada por experimentos com roedores, nos quais ratos com mutação genética dessa proteína utilizam melhor a glicose, apresentam menor acumulo de gordura e não desenvolvem resistência à insulina mesmo quando submetidos a uma dieta rica em gordura.
Portanto, ao se ligarem a esse receptor de membrana celular, alguns ácidos graxos acionam proteínas de resposta inflamatória, incluindo a JNK (c-jun N-terminal kinase) e IκK (Ikappa kinase), que bloqueiam a ação da insulina . Esses resultados permitem considerar que os TLR-4 sejam justamente a conexão que faltava entre ingestão de dietas ricas em gordura saturada e o desenvolvimento de resistência à insulina.
Em síntese, inúmeras moléculas bioquímicas provenientes dos adipócitos ou dos macrófagos na condição de obesidade podem provocar a ativação de serina-quinases e/ou outras moléculas, especialmente a IκK, JNK e iNOS, capazes de fosforilar moléculas em resíduos de serina ou causar nitrosilação em proteínas como o IRS-1 e IRS-2, inibindo a sinalização da insulina.
O aumento do tecido adiposo desempenha papel determinante no quadro de resistência à insulina, aumentando de duas a três vezes os níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias como, por exemplo, o TNF-α. Nesse contexto, parece lógico entender que o exercício passa a desempenhar um papel antiinflamatório por reduzir a gordura corporal e, consequentemente, a produção de citocinas pró-inflamatórias. No entanto, estudos em roedores e em seres humanos revelaram que o exercício físico pode reduzir os níveis de citocinas pró-inflamatórias sem que haja alteração do peso corporal.
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